27.2.25

Elogio do silêncio

Pede o silêncio

que não se faça pouco 

da tímida luz. 

Não é encenação

e mesmo que fosse

ao teatro perdoa-se sempre 

o palco de fingimento. 

Fica a mordaça 

entregue às palavras

que não chegam a ser ouvidas. 

O silêncio esconde-se 

nas ameias guardadas 

por espartanos fiéis

os que juraram arremeter 

contra os gongóricos. 

A palavra breve

monástica

tem mais a dizer

do que a prolixa tempestade 

que as atira, intermináveis, 

para o lugar onde irrespirável

o ar se amaldiçoa.

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