26.2.25

Os colarinhos do dia

Agarro o dia pelos colarinhos

desafio-o 

a ser o lado visível da coragem

a sair do lodo em que se consome.

 

As flores não se escondem nos canteiros

nem quando a tempestade vira tudo do avesso:

 

o dia 

não pode ficar por menos

só precisa de ser agitado

fortemente convulsionado 

pelos colarinhos

para se libertar do torpor suicida.

 

Ai do dia

se sobrar impávido

e os colarinhos vierem puídos:

 

ainda confiamos no dia

não precisamos que ele seja embaixador

da apatia que nos condena

a vegetar sem ânimo de coisa diferente.

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