17.6.25

Manual de instruções das rugas

As rugas 

desenham a assimetria do tempo. 

São como cicatrizes dos sismos havidos

fraturas dantes expostas

traduzidas para tatuagens salientes. 

As rugas 

não falam pelo tempo pretérito

só falam no presente cheio de melancolia;

ou então

no terrível desamparo do tempo urgente:

nem sequer há tempo 

para o olhar se deter no espelho

e cortejar as rugas que não escondem 

a antiguidade. 

As rugas 

emprestam um consolo subvencionado

admitem no portal do tempo

a sua usura com os corpos. 

Não é por conta de milagres

que são adiadas na nomenclatura 

da idade. 

São como catedrais:

credoras de estatuto

no cansaço do corpo compensado

pela lucidez montada na sela da quietude.

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