3.6.25

Vinil

Anoitece o ramo frágil que amadurece no dia. 

A valsa sem diuturnidades cobra um estipêndio

não é de lama que se eviscera um nome

no provérbio de causas alinhadas com as árvores. 

Diziam:

não te deixes retalhar pelos arneses cómodos

não sejas aquele que diz a última palavra

não aninhes a cabeça no pomar onde cantam

suseranos impecavelmente cativos de ninharias. 

O que não diziam

era como atingir com os dedos

o sumptuoso tesouro apalavrado nas intenções

onde procurar a escotilha desembaciada

o que fazer com toda esta fortuna 

que não cabe dentro de números

a solene didascália que perfuma dias militantes

entre camadas de nevoeiro outonal

e as bocas que bolçam liberdade. 

O entardecer

transigindo na sardónica solidão

emudecia o sol;

a noite 

é sempre uma pátria sem certezas

o lugar desabitado que suplica os sonhos

a tabela de marés perfumada por jasmim

a voz cavernosa do comandante 

quando põe os homens em sentido

e os malditos desumorados

que fogem do destino 

como eu fujo

de canja. 

Está é a minha sindicância

plateau debruado a purpurinas de nada

a voz miada pelo canto dos olhos

o dissabor escondido em pepel de alumínio

ou uma task-force cheia de testas-de-ferro

gente de impecáveis pergaminhos

e de prosa laudatória e gongórica

num mútuo onanismo que requenta o nanismo. 

Os dardos apontados a eles,

companheiros atirados para o lugar dos párias,

apontados sem piedade,

que como eles 

detestaríamos ser.

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