Anoitece o ramo frágil que amadurece no dia.
A valsa sem diuturnidades cobra um estipêndio
não é de lama que se eviscera um nome
no provérbio de causas alinhadas com as árvores.
Diziam:
não te deixes retalhar pelos arneses cómodos
não sejas aquele que diz a última palavra
não aninhes a cabeça no pomar onde cantam
suseranos impecavelmente cativos de ninharias.
O que não diziam
era como atingir com os dedos
o sumptuoso tesouro apalavrado nas intenções
onde procurar a escotilha desembaciada
o que fazer com toda esta fortuna
que não cabe dentro de números
a solene didascália que perfuma dias militantes
entre camadas de nevoeiro outonal
e as bocas que bolçam liberdade.
O entardecer
transigindo na sardónica solidão
emudecia o sol;
a noite
é sempre uma pátria sem certezas
o lugar desabitado que suplica os sonhos
a tabela de marés perfumada por jasmim
a voz cavernosa do comandante
quando põe os homens em sentido
e os malditos desumorados
que fogem do destino
como eu fujo
de canja.
Está é a minha sindicância
o plateau debruado a purpurinas de nada
a voz miada pelo canto dos olhos
o dissabor escondido em pepel de alumínio
ou uma task-force cheia de testas-de-ferro
gente de impecáveis pergaminhos
e de prosa laudatória e gongórica
num mútuo onanismo que requenta o nanismo.
Os dardos apontados a eles,
companheiros atirados para o lugar dos párias,
apontados sem piedade,
que como eles
detestaríamos ser.
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