8.6.25

Vindimado

Mando-me às mangas arregaçadas 

destapo o mapa sísmico 

onde a força se admite

ganho o corpo de ametista

e deixo em legado um léxico frutado

no promontório por onde entram as marés. 

 

Cuido dos sentidos 

na procuração da luz clara

contando os dias na aritmética nua. 

 

Às vezes tusso para fingir o medo

ou para fugir dos fretes avezados na rotina

para depois escolher o exílio

e de mim esconder o espectro assanhado. 

 

Outras vezes

só me apetece não saber dos dias

beber do vinho fecundo que atrasa o tempo

e deixar por conta das folhas caducas

o remoço que ascende da corrente funda

que pertence ao caudal intransigente.

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