9.10.25

Cúmplice

Arranco as páginas

como os dedos se emprestam ao afago. 

Revejo nos lábios 

a usura dos corpos extáticos

a água por dentro

a salivar numa corrida desenfreada. 

Insisto 

na redenção pelo silêncio

nesta habilitação de palavras intuídas

palavras adivinhadas no estuário amanhecido

e na glosa do dia entronizado.

Trago à tua mão desamparada

o destino havido na desautorização da angústia. 

Depois

se formos ao lado do sortilégio

não somos reféns do medo

e sabemos

que a madrugada se demora 

enquanto adivinharmos o corpo cúmplice

que se deita ao lado.

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