A justa medida.
Desconta:
o olhar poltrão
o esbracejar que
berra
a estrela da
televisão ávida de reconhecimento
os pregadores
que vomitam moralidade
(tacanha,
como são as moralidades)
os bácoros que
linguajam brutalidade
os tubarões que tudo
açambarcam na sua inveja diletante
as vetustas
velhinhas
(que
rivalizam com os pregadores)
os magalas que
encenam a próxima bebedeira
os executivos
apessoados
que ouvidos
deviam deitar aos pregadores
(se
não soasse a antinomia)
os intermináveis
candidatos a cassiopeias
as sumidades que
transpiram intelectual estalão
e destilam pesporrente
e elitista erudição
os mestres de
cerimónias e os mestres de obras
que não mestram
coisa que valha
nem obra que
tenha valimento
as pitonisas em
tirocínio
e os vitorinos
eternamente prometidos
os boçais que
saem da churrasqueira de palito na boca
os narcísicos com
espelhos pinóquios
os polícias que
protegem as leis e os polícias dos costumes
e as proibições
a eito
mais a ordeira
obediência como sinal de pertença.
Ensaia os teus
deslimites
a ópera da
transgressão
se julgares que
esse é o tributo cobiçado
ao existir
descomprometido.
O resto,
o resto desimporta.
Nem que tenhamos
de desinventar.
E de desnascer:
para o
nascimento outra vez.