Sentado num vulcão
o sono dormente da lava promitente
estremece as bainhas mais fundas,
levita o sol tenente a um outro céu.
A terra fervente sob o corpo
será feitiço indomável?
Desafeição estulta a que não consigo
meter freio?
Os vapores irrompem em todos os poros
desde a varanda mortiça
de onde se ufanam as telhas medíocres
em circunspectas preces.
E o vulcão em que me sento
morde as entranhas ensanguentadas
vocifera trovões irascíveis
– não é dado a saber
que consumições o apartam da letargia.
E sei que tremem os esteios meus
como se um furacão sem precedentes
me tirasse o avesso do sítio.
Modificam-se os humores dos deuses
que tutelam o vulcão.
Subitamente,
ainda aprisionado
pela avidez do sobressalto continuo,
o vulcão mandou dizer
que se entregava à hibernação.
E eu
sentado (ainda) no vulcão adormecido
jurei que teria em enxoval
as artes suficientes para enxugar
os transvias
(de outrora e os que houverem de ser).