7.8.16

Barbas de molho

Não sei
se as bainhas da ironia
se cosem aos freios da boca
– ou aos freios que coso à boca.
Prefiro o mapa dos paraísos
onde nadam doces uvas brancas
tradução exímia de um pulsar desejado
as cores exatas no dimensionamento da tela
sem impurezas
sem areias que pareçam arestas vivas
sem curadores de estados de alma
sem incensadores de fé em demoníacos autos.
As diatomáceas passam na televisão
e o velho absorto dá de comer aos pombos.
E eu não sei que fazer desta ironia
que dorme nos meus braços
em inconfessado desejo de explosão.
Sei
desta ironia poder ser devastadora
ou apenas indiferente
ou um meio termo.
No caldo fervente que é lugar meu
a ironia é uma lava constante
o púlpito efervescente de onde arremato
espadas e cálices e corolas embebidas
fugindo do exílio
do caldo fervente que é lugar meu.
A ironia como a imperativa ameia
que faz paredes-meias com o exílio
que ficou no lugar do retrovisor.

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