12.8.16

Eldorado

O Eldorado procura-se
entre o restolho do inverno
e as folhas verdejantes do jardim botânico.
Procura-se
e se preciso for
esventrar-se-á o chão com as próprias mãos
até que sangrem se tiver de ser
em consecutivas noites
até de tanto porfiar
os dedos aterrarem no desenho
das almas escondidas.
Oxalá que seja como é prometido,
o Eldorado.
Tomara não ser só um lampejo sem substância
um armário quintessência
com o vazio por dentro
um delito sem remédio
por continuada prevaricação
um rio exangue alvo da aridez do estio.
Talvez o fogo irreparável
traga dentro de uma garrafa à prova de bala
em amarrotado papiro
o segredo na ponta de uma espada.
Oráculo assim
desautoriza o lanço do Eldorado.

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