Não
me deixaram prender as palavras
no
mais alto clamor da manhã.
E
nem uma candeia acesa
irrompendo
entre o nevoeiro capaz
soube
ser cais sereno das palavras silenciadas.
Queria
ter mão nas palavras
dar-lhes
mel forte
cores
morígeras
um
canto sem impurezas
usá-las
para caiar as paredes sujas
e
ciciar ao ouvido estrofes de amor.
As
palavras mareavam, sem freio,
no
céu noturno
num
campo de estrelas,
rebeldes.
Queria
apanhá-las entre os dedos
sentir
o seu apelo telúrico
reinventá-las
sem sentirem ultraje.
A
manhã embaciada oferecia-se
palco
majestoso.
Só
que os olhos cansados pelo luto do sono
os
sentidos em vertigem desassossegada
os
espinhos esbranquiçando o corpo intimidado
a
sensação de estar num avesso sem saída
–
tudo conspirou para as palavras
serem
contumazes em minhas mãos.
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