Às
folhas caducas
pedi de empréstimo
a estola dos campos floridos
atirando para um poço sem fundo
o medo que incensa as veias
Diria
em solene mandamento
da antítese
do saber
que as ondas repetidas que esvaziam a
maré
são
um opúsculo inteiro
na singularidade de um entardecer
a destempo.
Repetem-se os uivos dos lobos
que tomam conta de paisagens lunares.
O desassossego já não chega,
não hipoteca as palavras adocicadas
e os demónios
aninham-se numa toca mendaz
de onde apedrejam sua estultícia.
Ah!
Agora sei-me inteiro
penhor do vento fértil
fautor das sentidas congeminações
na eira dourada sentado
à
espera
que aconteça o luar diurno
e que os braços se engravatem a mim
no mais doce beijo que tenho.
Sobram os ossos gastos
os ossos despojados por sua
inutilidade.
E eu canto as estrofes não rimadas
os rios indomáveis
as paredes sem alvura
a coutada sem presas nem caçadores
os olhos tremeluzentes vertidos
na paisagem capaz
as montanhas que não me derrotam
e desafio os lobos em seus uivos.
Não
deito as mãos aos céus
por ausentes as divindades
nem desenho preces laudatórias
pois só de
mim sou credor.