26.4.17

Sismógrafo 

Pretende-se que as bermas do vulcão
sejam ancoradouros
dos prometidos ao precipício. 
Não tenho
entre as certezas assim configuradas
que os tremores que remexem alicerces
sejam sinais de coisa alguma. 
Dou-me ao vento que trespassa a carne
em convulsões sem apresto
no invólucro frágil onde se acomete
o corpo. 
Tudo treme
os olhos amaciam-se por dentro do sangue.
Insinua-se a rendição
que pesa sobre o peso do corpo
por sua vez
arqueado sobre o jugo implacável do tempo
acareado contra o penhor diametral
da luz soturna. 
E deixo-me
sob o olvido imperturbável
sentado no alpendre estimado
à espera do fim do abalo telúrico. 
Pedindo meças
ao sismógrafo
que tira as medidas que me dão
a medida que é aferição minha. 

Sem comentários: