14.4.17

A idílica luta de classes

No cuidado artesanato dos haveres
trinta peões prostrados
valsam no precipício.
Juntam os dedos em cuidada sinfonia
com prevalência do silêncio,
no desânimo dos apequenados
em resignação religiosa.
           
(Foram educados
      que o oiro rima com silêncio.)

Os suseranos
poltrões em exercício de regalias
comicham sentados
nos diamantes das sinecuras.
As conchas secas
onde nem as aranhas pútridas acamam
são o leito dos mandantes.

      (Os peões já sabem
      que a equidade
 vem no dorso da moda.)

Doidivanas
os dissidentes de tudo
emparedados
entre o conforto da autoridade
e a reverência dos descamisados.
Na doce loucura da dissidência
escolhem os vitupérios a preceito
e esfregam-se no perfume desatravessado.

       (Não se enforcam no desconforto
  da posteridade aprovisionada
  como os peões
  quando açambarcam o poder.)

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