Dantes
era
uma fotografia
de
mim mesmo.
Dantes
era
apenas
fotografia
de
mim mesmo.
As
voltas do mundo
o
tempo em sua madurez mansa
as
veias mitigadas
o
pensamento aclarado
os
contrapesos da alma
o
horizonte despido de urdumes
trouxeram-me
da
fotografia ao lugar de substância
a
gente não apenas fotografia
a
gente-gente
pleno
em carne e osso.
Agora
entreolho
a fotografia de outrora.
Agora
olho
de frente
sem
peias
sem
medo de ter medo
a
fotografia de outrora:
afinal
é
possível vermo-nos de fora para dentro
na
lenta maquinação do tempo furacão.
Do
tempo
que
transfigurou a fotografia
em
pose sanguínea.
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