Um bando de
pássaros
desenha o céu
em voo
sincronizado.
Sucedâneos das
nuvens
na fartura
invernal.
Em emboscada à
coesão do bando
um pássaro
tresmalha-se
e, sem as asas protegidas
pela bússola do
bando,
aprende a solidão.
Antes que outro
bando o encontre
agita as
masmorras do desprendimento
sopra a poeira
que se abatera nas asas
e regressa a um
lar com as asas ungidas
pelo perfume
santuário do cais descoberto.
O pássaro
esqueceu-se de contar
como são os
degraus inclinados da solidão.
No recolhimento
do bando
reaprendeu a ser
comum.
Até que alguém sussurrou:
“toma atenção
pássaro recluso da ingenuidade,
que o bando vai querer de ti
o sangue e a carne
se preciso for
e para te convencerem
dir-te-ão seres nula entidade
no meio do grupo venerado.”
O pássaro
desconfiado
recusou tudo o
que se lhe oferecesse
em ardilosa
congeminação
que desaprovasse
a sua vontade.
Não foi ave
solitária
tresmalhada
nem se empenhou
na simbiose
forçada do bando.
Uma vez sem
exceção
o pássaro fez a
síntese dos impossíveis.
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