[Crónicas do vírus, CXCIII]
Sua
a sua face
na obscena frivolidade
da irrelevância do grave.
Refúgio nas palavras. A melodia perdida. Libertação. Paulo Vila Maior
Os cinco minutos de luar
fogem da penumbra
em seu palco alvar.
Dir-se-ia:
esta
é a primeira estância
aquela que recolhe
as preferências dos corpos estivais
e as sombras desmaiam
no intenso, garrido mostruário do sol.
Por isso
há cinco minutos em cada dia
e uma clepsidra urdida
nas árvores que se abrem
floridas
ao espanto dos literatos.
Há cinco minutos
esperava pelo seu acontecido.
Na companhia do luar
em seu epílogo.
Não sabia
que África podia ser
em Lisboa.
Às onze da noite
o calor estático
engana
o equinócio das horas.
Não sabia
que as palavras
podiam escorrer,
suadas.