“Emendei a mão”,
disse
entregando-se à súplica,
o fermento do arrependimento.
Não se via emenda
que fosse de ver:
a mão continuava como era
e sem cicatriz tatuada
não podia certificar a súplica.
Insistia:
“emendei a mão, acredita”.
Continuava a esquadrinhar a mão
em demanda de cicatrizes demonstrativas
sinais exteriores de uma emenda à mão.
Não foi por défice de atenção
ou por fragilizada inspeção:
a mão não tem emenda
(disse,
sendo logo treslidas
as minhas palavras).
Talvez fosse a mão errada
e a outra
– a que mostrada me não foi –
a penhora da emenda.
Já não fui a tempo.
Mal a mão sem emenda foi cartografada
o seu detentor virou costas,
ultrajado,
deixando-me preso
ao silêncio não inocente.
O silêncio que não se cura
com tatuagem.
Sem comentários:
Enviar um comentário