O céu virado do avesso
coabita no verso venal:
sabemos das ruas viáveis,
emparedado o vociferar
das ruínas campestres.
Sinais e sinais perseguem o dia
em vez das presas habituais
com a indulgência de uma trégua:
não se inventariam culpas
nem consolos tartamudeados
em fábulas surreais.
Não havia estrada pela frente:
os tempos esquálidos esvaíam-se
consumiam o oxigénio emprestado
e de dentro das casas
subíamos aos terraços
à espera do crepúsculo.
Não sejam dadas as mãos
ao tiranete destino:
antes uma música em penhor
o coreografar desajeitado do corpo
a poesia que não se quer treslida
e todos os lugares admitidos
à estância dos marmoreados reféns.
Ouve-se na música:
todos cometemos erros.
Antes fosse espartana mitologia
açambarcando a fragilidade dos Homens.
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