18.6.20

Areia fina

O céu virado do avesso

coabita no verso venal:

 

sabemos das ruas viáveis,

emparedado o vociferar 

das ruínas campestres.

Sinais e sinais perseguem o dia

em vez das presas habituais

com a indulgência de uma trégua:

 

não se inventariam culpas

nem consolos tartamudeados

em fábulas surreais.

Não havia estrada pela frente:

 

os tempos esquálidos esvaíam-se

consumiam o oxigénio emprestado

e de dentro das casas

subíamos aos terraços

à espera do crepúsculo.

Não sejam dadas as mãos

ao tiranete destino:

 

antes uma música em penhor

o coreografar desajeitado do corpo

a poesia que não se quer treslida

e todos os lugares admitidos

à estância dos marmoreados reféns.

Ouve-se na música:

 

todos cometemos erros.

 

Antes fosse espartana mitologia

açambarcando a fragilidade dos Homens. 

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