17.6.20

Sob vigilância

No sossego antigo,

paradeiro sabido de um apeadeiro,

estimo o inestimável

na sombra esquecida de um jacarandá. 

Untem-se-me os viscerais aromas

as pétalas já recessas

que decaem do jacarandá 

o vestibular acesso 

que prova a extinção 

da primavera às mãos do verão

insaciável. 

Nestas noites que se demoram

arranjo uma parede caiada

para ser depositária do mel incontido

que irrompe do meândrico labirinto interior

e sinto-me artesão na varanda do sonho. 

 

Não se pagam 

as juras que ninguém ouviu. 

 

Cristalizam as dúvidas 

à porta das interrogações

e medra a poeira que se deita

sobre a melancolia. 

Derrote-se a melancolia

a vírgula fora do sítio

trespasse na moldura do artesão

à espera de saber 

o nome do futuro.

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