Sabias
em que dormitório
hibernava o biombo?
Era uma matéria venal
um esgar devolvido às sombras
penhor em causa própria
(ou penhor sem casa própria?)
a linhagem vetusta
dos sarcófagos sem paradeiro.
E, contudo,
servia-se o medo
às portas blindadas,
como se se arqueassem os corpos
e, em genuflexões pueris,
consagrassem os estultos sem armadura.
Sabias
que a mitologia
se consome na mentira?
Não eram verbos banais
os que chamavam a si a centelha puída.
Desarmávamos as esporas
que amaldiçoavam os espíritos singulares,
recorríamos aos mais fundos punhais
para sangrar os mastins desaçaimados
que nos impediam de sermos libérrimos.
Na contabilidade prematura
arranjávamos as ferragens
contra a decadência urdida
pelos espantonautas.
Seria caso
para erguer uma cortina de espantalhos
antes que todo o tempo fosse tomado
por quem o desmerece.