Como se de uma barreira de coral se tratasse:
os dentes afiados contra as redes
e o farol centenário
ciciando um pesar orquestrado
que não amedronta os peixes.
Nem do salitre cuidam os barcos
que em águas tumultuosas
sem a guarida do porto
não sobra atalaia
se não para o sopesar da embarcação.
Os nós enredam-se no crepúsculo:
têm de ser as mãos gastas dos marinheiros
a prevenir a redenção.
Não se diga
que a fartura pretérita se consumiu
nos corpos envelhecidos;
a maresia aspira o sal pelos poros
e embebe-se na ossatura dos marinheiros,
que ganham no tributo
calibrado na vertigem do tempo.
Deixam as vírgulas esquecidas
num recanto da boca
como se as tivessem salivado
e elas,
sílabas estilhaçadas,
sobrassem,
despojos,
nas pregas dos lábios.
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