O podre de um regime
não são os seus porteiros;
são as portas
que lhes damos
como legado.
O podre dos porteiros
não é a vileza que os cobre
ou as meãs manhãs em que se entretecem
ou o coldre vazio
em que oxalá fossem concebidos
ou a árvore enfastiada em que se entronizam;
é dos que selam o sufrágio
cúmplices em primeiro grau
as mãos que servem às luvas dos porteiros.
O podre
é da letargia incandescente
que de mote próprio faz alpinismo
às costas dos súbditos
instruindo-os na apatia.
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