8.1.21

Degenerescência

O podre de um regime

não são os seus porteiros;

são as portas

que lhes damos

como legado. 

O podre dos porteiros

não é a vileza que os cobre

ou as meãs manhãs em que se entretecem

ou o coldre vazio 

em que oxalá fossem concebidos

ou a árvore enfastiada em que se entronizam;

é dos que selam o sufrágio

cúmplices em primeiro grau

as mãos que servem às luvas dos porteiros. 

O podre 

é da letargia incandescente

que de mote próprio faz alpinismo

às costas dos súbditos

instruindo-os na apatia.

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