“Estou pronta”,
avisou,
a profecia,
com um pé delicado porta fora
sem saber da chuva torrencial.
“Estou pronta”,
repetiu,
a profecia,
ao notar a indiferença da audiência
assim se sabendo sozinha.
“Digo outra vez:
es-tou pron-ta!”,
silabou,
a profecia,
com todo vagar,
a convocar a atenção
quase em súplica
– quase como se fosse preciso
desenhar em legendas
a gramática da advertência
que encorpava
a profecia da profecia.
Ninguém a ouviu.
Quando a profecia se abateu
o esquecimento de todos
embaciou o olhar
e ninguém deu a mão
à profecia.
À profecia
que órfã ficou.
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