12.1.21

Impressionista

Costuro as feridas

com a saliva que efervesce

na maré alta. 

Devolvo ao areal

o tojo fundido nas varandas. 

O espaço 

é atapetado pelos anciãos. 

À razão do medo

os confettis desembaraçam-se das árvores

em beijos guturais que cauterizam a luz. 

Diziam:

é inútil cimentar as cicatrizes

se a pele não se emudece

na coreografia do tempo. 

Só os tolos

(e os majores risíveis)

estudam os ângulos que anoitecem o medo. 

Antes os melodiosos cantos das horas certas

o crepúsculo amotinado

um vesúvio a crestar na sombra dos mares

a cor mate que traz embaciados os olhos;

antes 

tudo isto

do que a carne viva

à espera 

de curadoria.

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