26.1.21

Gigante desadormecido

Ora:

é esta filigrana

que nos deixa em cabelos de ouro

o sono que entronca nos corpos nus

diamante sem bruto capataz

uma cornucópia tatuada no peito

com um nome sem recusa,

nos olhos vigilantes

não tementes.

À hora incerta

não declaramos um êxtase na alfândega

e ninguém nos quer prender.

O lobo uiva as sílabas sopesadas

e tiramos à sorte o devir

uma senha que escolhe o sortilégio

condensando nevoeiros baços

sobre as cortinas onde se esconde

a indigência.

Por ora

sabemos as páginas onde nos escondemos:

descontamos as onomatopeias

e a pontuação em desacerto

até do fundo do rio,

decantado o lodo,

extrairmos os ossos legados:

a mais pura 

das imperfeições,

percebemos logo.

A nossa, 

incomparável e incalculável,

imperfeição.

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