A aguarela sentou-se no lago
e deixou que o espelho de água
falasse por si.
E antes que a noite tivesse pressa
não deixou que a plateia
se exilasse no olvido.
Deitou a mão ao entardecer
e emoldurou a aguarela
em lugar imperial.
Não saiu do lugar,
não fosse o lugar sair do sítio.
Na manhã que se seguiu
a aguarela era a continuação
do lago
e ele,
o pintor encomendado,
esquecimento puro de si mesmo.