Atiro o alfabeto
contra a boca sedenta
e reverto a toada a favor
dos órfãos de sentido.
As letras
desenho-as com o cinzel furtado.
Meto-as numa aguarela primaveril
e desminto os ogres que voluteiam
entre os hemisférios perdidos.
À força de um labirinto
depois do ermo lugar
junto as mãos todas numa clepsidra:
oxalá sejam artífices
do mais alto verbo
e depois de um depois
se cumpram na fértil andança dos mares.
Dizem:
que não venham venenos sem antídoto
que não se soergam no ocaso
os mastins celebrados por atrocidades
que falem baixo
os tiranetes sem guarida;
que não se desestime a laje secular
o adro que não perde os velhos em repouso
a crisálida que se deita nas flores sedentas.
Amparo o alfabeto,
antes que fique órfão.
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