11.4.21

Desfiladeiro

Acordo no dorso da noite

contra o tumulto da tempestade. 

 

Estreito os braços até à chuva

na condição de com ela dançar

já que a solidão é nome da noite

e não é em seu nome a coreografia. 

 

Arrasto os pés desastrados

e no palco combinado

afago a chuva intempestiva. 

 

Dançamos. 

 

Dançamos na hora repleta

os corpos de chuva suada

perfumam a solidão que invadiu 

a noite. 

 

Como se fôssemos eruditos

e a palavra 

se fundisse nos gestos sublimes

em cada passo desarticulado

com que ornamentamos a noite. 

 

O resto

fica por nossa conta.  

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