Ouve-se o ciciar de vultos perenes.
Não se traduz em palavras sufragadas,
o ciciar.
Na lonjura da planície
os lobos depositam o uivar
enquanto fogem das mandíbulas
dos mastins mais do que eles.
Que não haja fingimento deste xadrez
que sobe constantemente à cena:
é um jogo de algozes e presas
e às vezes troca-se de lugar.
Serão as vozes enformadas
inábeis consumidoras das imagens sem freio
à espera de portagens extintas?
Os embaraços fustigam a ideia do presente.
Açambarcam a fala
deixada numa fratura exposta
e as sílabas ensonadas
são a metamorfose de perguntas.
Ah!
Não sei que paradeiro hei de dar
dos loucos
que desafiam as gastas arestas do mundo.
Invejo-os,
os loucos sem saberem da simetria das regras
nem dos penhores que organizam a obediência.
Os risos ecoam no espaço à volta.
Mas não há rostos
não há matéria sensível
a cortar centímetros entre os lugares.
Há um labirinto que foge da mediana
contra o ultraje que desvia os olhos
e deixa-os hipotecados na hibernação.
Mas os vultos perenes
não deixam de se fazer notar;
inclinam-se vagarosamente,
matéria sem ossos,
para trás e para a frente,
como se fossem maestros implícitos
da colheita que se repete
todos os dias.
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