Arranca-se a voz trémula
aos peões que aparecem à frente
em substituição das covardia
dos mandantes.
Eram a carne para canhão
hoje
são a carne e os ossos e o sangue
e almas
em dádiva
aos arsenais perfidamente sofisticados.
De um golpe só
o pensamento estaciona na angústia
de quem sabe
tanta ser a lucidez dos Homens
em proveito de totens que tornam
ridiculamente nula
a vida do Homem sem nome
– em proveito dos soezes
que não sabem que os Homens têm nome.
Aos soldados
devia-se ensinar
a saberem soletrar os seus nomes
e meia dúzia de artigos
(apenas os mais distintos)
da Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Para que o Homem
todo o Homem que tem um nome
e uma alma não venal
não tenha de derramar a angústia
ao saber de todas as terras
onde o sangue vertido
tomou o lugar
das lágrimas.
Para que esse Homem,
todo e sem exceção Homem,
não se esqueça do seu nome.
Para que não haja
soldados
apenas Homens.