10.9.22

Homenagem

Se é da fortuna

o relógio andante

gabo-me da safra

na colheita da medida

do tempo. 

 

Se é do acaso

ou da temperança 

dos dias sucessivos

não tenho modo

de atestar. 

 

Se é das mãos

que se metem, 

fundas,

no chão húmido

em demanda da fortuna

podem testemunhas válidas

certificar em boa memória;

e se é do porvir

que despendo o tempo servil

deixando ao proveito do olvido

o denso passado em lei de bronze

inscrevo no percentil das hipóteses

o rosto parcimonioso

que espera 

sem denunciar o destempo de outros

o poema vivo que espreita

sobre a varanda que deixa ver

o esvoaçar dos dias sucessivos. 

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