Se é da fortuna
o relógio andante
gabo-me da safra
na colheita da medida
do tempo.
Se é do acaso
ou da temperança
dos dias sucessivos
não tenho modo
de atestar.
Se é das mãos
que se metem,
fundas,
no chão húmido
em demanda da fortuna
podem testemunhas válidas
certificar em boa memória;
e se é do porvir
que despendo o tempo servil
deixando ao proveito do olvido
o denso passado em lei de bronze
inscrevo no percentil das hipóteses
o rosto parcimonioso
que espera
sem denunciar o destempo de outros
o poema vivo que espreita
sobre a varanda que deixa ver
o esvoaçar dos dias sucessivos.
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