2.9.22

Antropologia das bruxas

És uma bruxa,

ou és uma bruxa,

Derruído pelo abismo do tempo?

Uma bruxa que resfolega o mirante

sucedâneo de morteiro andante

morteiro mortal

            morteiro          mortal

 

(como se a musicalidade das sílabas

se abraçasse numa tela hedionda

onde está vertida a venalidade da espécie).

 

Bruxas

somos todos?

Se demandássemos um compasso,

um compasso comprovado

pelas entidades regulamentadoras,

diria de nós o compasso

que somos bruxas,

depravadas na exaustão que rima

com autofagia.

 

Espantam-se até os espantalhos,

primos diletos de todas as bruxas,

avoengos das rezes lisérgicas

que compõem a paisagem sem nome.

Pedem

que não se sonegue

a curadoria dos estultos.

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