Um murmúrio do Outono
conta com a chuva morna
vertida pelo céu pendido.
É uma chuva
que mente ao calendário
e diz aos costumes:
os marcos geodésicos do tempo
são arbitrárias convenções.
A chuva inaugural
desmentindo o Verão em seu lugar
amacia a pele gasta pelo sol repetido
em presságio outonal.
Sentado nos lugares da frente
deixando
o corpo experimentar a chuva destemida
como se houvesse um chamamento
pela dobra do Verão:
a chuva,
dizem uns protestos ecoados
por vozes em surdina,
foi proclamada a destempo,
cicia
as páginas que são uma profecia
arrancando outras de permeio
em ligação direta
com um tempo que está à espera de tempo.
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