7.9.22

Elixir

Às páginas do calendário

penhores máximos da crueza do tempo:

antes desfocadas,

vasos sanguíneos por onde desfila

o tremendo apetite que esconjura 

o medo. 

 

Dizemos

em brandos sinais

que um teatro herético que absorve a geografia

a abundante lógica sem formalização

ou apenas 

a telúrica palavra

que abranda as dores que destilam o corpo. 

 

As ideias passeiam

insubmissas

no copo que recebe os lábios em ebulição:

parecem folhas outonais

desarrumadas 

por um vento que entoa a tempestade

vão e veem no indeclarado óbito dos soezes

desautorizados artesãos que esculpem

o céu perenemente plúmbeo. 

 

Tomo o dia

como pressentimento de mim

e julgo

com as armas retóricas que não tenho

as relíquias que esperam pela minha feição. 

 

Se as mãos 

não servem para agarrar o dia

antes nos destinem a proibição do modo

o intempestivo flagelar que lembra,

com a persuasão da dor que de nós se abraça,

que somos filhos pródigos 

da vontade que se agiganta 

nos poros suados.

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