Às páginas do calendário
penhores máximos da crueza do tempo:
antes desfocadas,
vasos sanguíneos por onde desfila
o tremendo apetite que esconjura
o medo.
Dizemos
em brandos sinais
que um teatro herético que absorve a geografia
a abundante lógica sem formalização
ou apenas
a telúrica palavra
que abranda as dores que destilam o corpo.
As ideias passeiam
insubmissas
no copo que recebe os lábios em ebulição:
parecem folhas outonais
desarrumadas
por um vento que entoa a tempestade
vão e veem no indeclarado óbito dos soezes
desautorizados artesãos que esculpem
o céu perenemente plúmbeo.
Tomo o dia
como pressentimento de mim
e julgo
com as armas retóricas que não tenho
as relíquias que esperam pela minha feição.
Se as mãos
não servem para agarrar o dia
antes nos destinem a proibição do modo
o intempestivo flagelar que lembra,
com a persuasão da dor que de nós se abraça,
que somos filhos pródigos
da vontade que se agiganta
nos poros suados.
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