Dou à boca as palavras cãs
onde sobem os socalcos
até serem o mais alto trono
no promontório geodésico
onde tudo se oferece
no estuário do olhar.
Deixo outras palavras
não mudáveis
serem a cintura da tarde.
Ao mundo que não ouve
não digo que anda ao deus-dará,
digo o nada que ele que ele dispensa.
Se a matéria ampla for presságio
deixo as mãos no caudal do rio voraz
e nas pregas da idade apregoo as lições,
as estátuas perenes cingidas
no relógio sem nome.
E se na véspera forem todos mastins
escondo-me no espólio sem paradeiro
e deixo aos nomes
a veia anónima que os consome
e os deixa utilmente anónimos.
Todo o sangue vazado
é mil oceanos coléricos
e os ossos
as cordilheiras submersas
as lápides que silenciam
tantos segredos.