14.10.21

Povoação

Na sentinela de um tempo habilitado

as vozes esquecidas arrumam os despojos

e os corpos nus perfilam-se no luar aberto.

As paragens anunciam os comboios completos.

Não interessa, já íamos a pé

e a impureza genesíaca não se abate

com vozes soturnas e verbos sem paradeiro.

Fechamos os olhos

e vemos a aurora boreal 

desenhada no avesso do olhar.

As cortinas escondem a ossatura da casa

a ossatura dos seus moradores.

É assim a pele despida

de sentinela ao desejo que se consuma

na finitude dos teatros gentis.

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