O degelo cresce na sombra da noite.
Em comandita,
os cães vadios varejam as ruas
– pode ser
que se façam delas
imperadores.
O sono fundo das pessoas
traz uma impressão de hibernação
e as ruas são não lugares
momentâneos.
Ninguém sabe o que povoa
os sonhos que inventariam os fundos sonos.
Possivelmente
corpos errantes num adro sombrio
eclipsados pela sua tremenda fragilidade
transidos pelo latido da matilha
que se faz passar por uivos de lobos
famintos.
Neste espessar dos verbos
o suor fala em vez das palavras.
Os sonhos não esperam pela manhã.
Sabem que o seu império chega a uma foz
mal a noite é destronada pela manhã
ínvia.
O sangue
sem dar conta
terça esta batalha
entre um sono que amedronta
e a vontade não escrutinada
de se libertar da tirania dos sonhos.
Se ao menos
a insónia se fundisse com a noite
saberia
do paradeiro da matilha.
Sem comentários:
Enviar um comentário