14.1.22

O Inverno que se não gasta

O Inverno marca a herança 

dos sábios. 

A penumbra constante 

é o mosto que ascende desde a manhã

e cobre o dia inteiro

como se à sua totalidade fosse reservado

uma plácida imagem. 

No Inverno

as cores levitam

desmaiadas. 

Arranjam-se as veias

que precisam de seu sazonal repouso

antes que a embriaguez de cores

e a pulsão dos corpos habitados pela Primavera

ocupem o lugar destemido. 

No Inverno

busca-se hibernação

a alternativa para custear a existência

no inconfessado deleite 

de a averbar no convés da alteridade. 

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