7.1.22

Passagem de nível (outro patamar)

As horas são cortinas que ascendem 

na matricial pose do corpo. Pegam-se 

nos mastros que dominam o estuário 

e os olhos convocados exoneram a culpa

dos órfãos do medo. Se ao menos 

a contagem obedecesse aos caprichos 

de cada alma não seríamos subúrbios 

da vontade. Todas as verdades 

se extinguem na sua formulação. 

Sobram as palavras não sopesadas, 

as palavras desenfreadas que saltam 

por cima das fronteiras, ficando à espera

dos internos sobressaltos arrancados 

ao magma combustível. As horas deviam

ser silêncios estendidos na geografia 

onde os corpos habitam. Deviam olhar 

para dentro da carne, isentando o seu 

labirinto dos modos que se hasteiam 

na mais pura fala totalitária. Ficam 

nas mãos os desenhos furtivos que isolam

as horas dos minutos que as alimentam. 

Quem sabe se não é esse o segredo.

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