Os descendentes de Cervantes
montam nos decibéis
fazendo parecer um galinheiro
quando concorrem para um ajuntamento.
A estridência não é musical
como no caso dos herdeiros de Petrarca
mas estes
não têm o Pata Negra no património
nem as legítimas paellas.
Nos ajuntamentos
os sucessores de Goya
abrem a boca inteira
e é como se metessem a mão nas entranhas
para a voz romper a escala medida em decibéis.
Não são gestualmente espampanantes
como os herdeiros de Balzac
nem têm a linhagem de vinhos seculares
mas para a troca estes oferecem
escusadamente
um chauvinismo arcaico
ficando só três centímetros à frente
dos que vieram depois de Unamuno.
Saltaricam nas socas condimentadas do flamenco
não se envergonham de serem medievais
na desigual safra da tourada
mas é na vozearia que se desaconselha
no precato de quem previne poluição sonora
que aos sucessores de Miró se poderia suplicar
tomando de empréstimo
a súplica do outrora suserano
“por que não se calam”?
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