Faz do ventre
o chão fértil
onde se consomem
os sentidos.
Torna ao húmus original
úbere dos desejos sem fastio
e desta seiva faz
santuário.
Corre contra as maldições
os arcanos oráculos
que irradiam os manuais
a que se deve
obediência.
Opõe-te
com a veemência dos insubmissos
a favor das desregras,
que são as regras que nos levitam.
Porque
se somos um idioma
ele é feito das estrofes
que arrancamos ao suor
as não rimas
que acertam com o ânimo da rebeldia
– só a nós devemos o débito
do que fazemos dar em crédito
ao paradeiro do que somos.
Faz do vento
da minha fala
a geografia em falta.
Do meu sangue
arranca o fermento do futuro.
À minha boca
devolve a carne extasiada
no promontório que irradia
os dias consecutivos
de perenidade.
Desenha,
nos poros da minha pele,
o idioma de que somos procuradores
e de todos os poemas em forma de beijo
estiliza,
com a elegância devida,
aos foros de que somos comandantes.
A porta do porto abriu-se
e nós
simples servidores
da fala que nos conduz
deixamos que o dia corrente
seja um oráculo
do que quisermos que ele seja.
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