20.7.22

Baliza aberta

Como o guarda-redes aterrorizado

à la Bukowski

as pessoas recuam até à omissão 

deixando a inércia como pedra tumular. 

E, todavia,

ninguém intui o penalty contra elas

ou sequer consta

que são o gordo imprestável,

apenas prestável para ir à baliza. 

 

Os olhos lacrimejam medo

transpiram medo

pintam quadros amorfos numa tela de medo. 

 

Os apoderados pelo medo

nada sabem de História

se não tomariam por seu 

o encargo que foi outrora 

dos seus antepassados. 

Talvez sejam apenas modestos,

dispensam a glória embebida na toponímia

em paga do legado

(que não deixam).

 

Do outro lado da mesa,

alguém inscreve a opinião em talha dourada:

et pur si muove

aferindo pelo musgo da tecnologia 

inventada a cada minuto que tem corda. 

 

(Ou pode ser apenas

para contrariar o pessimismo do vate.)

 

Oxalá esteja tudo às avessas

e por deserção do guarda-redes

(ausente da baliza)

os golos, 

de tão fáceis parecerem,

e escandalosamente falhados.  

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