O torrencial amanhecer
despeja sobre os sentidos
uma embriaguez inaugural
o álibi perfeito para esconjurar
a letargia.
O aparato da luz ainda timorata
ateia os ossos
desmente o impreterível torpor.
Na escassez que se convoca
fundeia-se o fósforo à espera
de ignição.
E o sangue encomenda a sua combustão
como se o dia tivesse pressa
como
se os diademas se desencontrassem
na solicitude do dia nascente.
A matéria-prima
desmente as conjugações efémeras
não sem apostar
na efemeridade de tudo.
O movimento contínuo
alimenta o viável entardecer
como se de um Outono se tratasse
a metáfora por inventar
no mosto nunca gasto
do sortilégio de cada dia inteiro.
A manhã opulenta
manhã reivindicada
reificada no deleite incomensurável
ornamentada pelas arestas
que são uma desbenção
dos pesadelos a insubmissos.
Apanhamos o primeiro barco
para a rua que alcança o dia guloso
uma gastronomia que fazemos verosímil
no coalho fértil
das paisagens sem geografia.
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