29.7.22

Calendário a destempo

O dever de março é uma impostura:

a Primavera adia os tentáculos

sobrando um março que soa a janeiro 

 

– e o corpo delira

em sua exsudação estival

sonhando com uma estação 

a preceito.

O devir de julho

é açambarcar o desejo

com um inverno 

como nos bons velhos tempos.

 

(e havia tanto a dizer

sobre os bons velhos tempos,

ou o que a expressão idiomática contém,

mas hoje 

não é dia de empreitadas gongóricas.)

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