22.3.24

A alma vestida a rigor

A alma vestida a rigor

dança só quando chove

abraçada ao vento iracundo

remexendo entre as nuvens gastas

prometendo o anoitecer em forma de verso. 

 

A alma

vestida a rigor

não desmente o estremecimento

quando o rio combina com o luar

e um prateado braço de água escorrega

até à foz

onde se confirmam os pesadelos arrematados. 

 

A alma

vestida

a rigor

no exato testamento

das flores colhidas

dos entes a caminho de queridos

da frugalidade 

que ensina a ver depois do espelho baço

adormecendo com o murmúrio do entardecer

adormecendo

abraçando aos sonhos exilados

na exaltação que se cola à pele desadormecida. 


Porque

a alma 

está

vestida

a rigor.

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