Tu não sabes
que as miragens escondem a carne submersa
os carris rombos que desassossegam os párias
que é pelas praias ermas
que se juntam os denunciantes do ouro
a matéria vaga em que amanhecem os olhos.
Tu não sabes
que as vésperas albergam a gramática impopular
que os destinos se confundem com o dia abastado
e as sombras medram em folhas roubadas.
Tu não sabes
que há idiomas sem verbo
e outros que recusam bandeiras
ou que se levantam poetas de uma casta rara
que escolhem estrofes singulares
e falam com a usura de figuras de estilo
devolvendo ao leitor
a liberdade que antes não havia.
Tu não sabes
dos punhos caiados pelo luar expoente
das marés caídas sobre os rochedos gratuitos
das costas das ondas
que guardam segredos dos marinheiros
e dos mares que empenham os segredos
dos demais.
Tu não sabes
e não queres saber
que há lugar na geografia do tempo
para não saber destes saberes.
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