19.3.24

O país eu

A janela efémera

olha por dentro das veias

cicatriza a carne aberta 

pelo tempo estouvado. 

 

As linhas cosidas sobre a pele

arrefecem o ardor

os novelos do ocaso dão-se à combustão

e os sentidos hibernam 

entre as estrelas avulsas. 

 

Olho pelas fogueiras que hasteiam refúgios

é esta atalaia que redijo em forma de lei

mesmo que seja baldio o pensamento

e em vez de cortinas veja o luar caiado. 

 

Corro pelos miradouros

corro como se não precisasse do sono

a maré alta de meu peito desdoído

a fala que se intromete no silêncio.

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