12.3.24

Floresta (a prazo)

Estendemos os dedos

acreditamos

que por eles as bocas tocam na lua. 

Não trocamos a luz clara do dia

pela noite postiça

dedilhamos os postais arrematados

de cidades forasteiras

onde vendemos diademas

e das ruas trouxemos as melodias dos idiomas. 

Deixamos tempestades por conta do ontem

brindámos aos dias consecutivos

não quisemos a abundância estéril

ou a indigência de palcos fátuos:

somos inventores do encanto

à medida que revelamos os negativos do dia

e juramos

na furtiva despedida do entardecer

não sermos dádivas da indigência

ou astrolábios das florestas desencantadas.

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