11.4.25

A fábrica dos sonhos

A leveza da tarde 

entre as árvores que renascem

e o rumor que evoca as falas limítrofes

levita no palco onde se aformoseia o dia.

Como se fosse uma anestesia

e em redor tudo deixasse de contar

os olhos fechados entram no exílio

desenham os contornos de um lugar singular.

 

Não se perfumam as armas de outros arsenais

não se tatua a desconfiança na melancolia

não se levantam as ondas iracundas

numa maré acostumada por ventos adestrados;

as ruínas escondidas

avalizam o tempo furtivo

rivalizam com os destroços avulsos

que não são despojos.

 

Se der à noite o que ela impetra 

– um quarto sombrio onde vagueiam as palavras

o luar logrado pelas nuvens acamadas

um rasto de sobriedade que povoa a lucidez – 

sinto a redenção a medir as veias

e sei que sou tutelado pelo sono seguinte

enquanto o amanhecer se prepara

na fábrica dos sonhos.

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