A leveza da tarde
entre as árvores que renascem
e o rumor que evoca as falas limítrofes
levita no palco onde se aformoseia o dia.
Como se fosse uma anestesia
e em redor tudo deixasse de contar
os olhos fechados entram no exílio
desenham os contornos de um lugar singular.
Não se perfumam as armas de outros arsenais
não se tatua a desconfiança na melancolia
não se levantam as ondas iracundas
numa maré acostumada por ventos adestrados;
as ruínas escondidas
avalizam o tempo furtivo
rivalizam com os destroços avulsos
que não são despojos.
Se der à noite o que ela impetra
– um quarto sombrio onde vagueiam as palavras
o luar logrado pelas nuvens acamadas
um rasto de sobriedade que povoa a lucidez –
sinto a redenção a medir as veias
e sei que sou tutelado pelo sono seguinte
enquanto o amanhecer se prepara
na fábrica dos sonhos.
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